Felicidade é um sentimento

Quero ser feliz. Esta afirmação legítima tem estado presente na voz das pessoas já há muito tempo. Na clínica, é possível se deparar com ela quase todos os dias e é particularmente interessante notar que pessoas com histórias e interesses completamente distintos, estejam unidas por um sentimento comum: a frustração com a falta de felicidade em suas vidas.
Existem duas condições básicas quando observamos com um pouco mais de atenção esta queixa.
A primeira e óbvia é que estão infelizes. Seja por conta da situação financeira, seja por exercer uma profissão onde não se realizam, ou ainda por estarem insatisfeitos com seus relacionamentos afetivos, ou por não terem relacionamentos afetivos, ou por… a lista é interminável. Mas pode ser resumida: algo me falta para ser feliz.
A segunda é que acreditam sem duvidar que serão felizes em algum momento no futuro. Lá, o que me deixa infeliz estará resolvido. Desta forma se estou infeliz porque estou sozinho, logo serei feliz quando não estiver sozinho.
No entanto, passado o primeiro contato com a conquista deste futuro, deste “quando” agora presente, trocam-se as queixas por novas queixas de insatisfação e infelicidade. Afinal, talvez este alguém que foi a felicidade para minha solidão pudesse me dar mais atenção, ou ser mais romântico, ou mais magro…
E lá se vão o desejo e o tédio em uma corrida de revezamento sem fim. Schopenhauer já apontava para a questão há mais ou menos duzentos anos atrás.